A NETA DA AVÓ FELÍCIA

Antes de a conhecer, conheci-o a ele. Integrava-mos uma equipa de câmaras num canal novo de um clube alheio. Depois veio ela, um mês depois, de saia colorida e sorriso sempre presente no rosto. Entre silêncios, sorrisos e a timidez dos primeiros passos, fomos dividindo os dias como quem reparte o almoço. Passamos os dois primeiros meses entre conversas casuais, os medos de uma nova caminhada e um destino audiovisual que não julgávamos ser o nosso. Desbravámos os receios de cada profissão, a minha e a dela, como quem aprende a andar em terreno instável.
Uma noite de Dezembro, encontramo-nos “por acaso” no Americano. Entre cervejas e músicas dos anos oitenta, percebi que no trabalho também podemos ter amigos. Que pode haver vida para além de tudo o que mais nos chateia numa organização, que são os momentos em que estamos juntas a rir, ou quando as lágrimas querem sair para limpar os momentos menos bons, que fazem valer a pena cada sacrifício que às vezes é feito. Saber que estamos juntas na caminhada, tem um valor incalculável. Porque um dia vamos ser vizinhas e ter casas de campo, hortelã, limoeiros, cães, gatos e o mesmo amor no coração-criança. Há coisas que não se medem pelo tempo que têm, mas pela intensidade com que duram.

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Parabéns mãezinha

V.